terça-feira, 1 de abril de 2008

Até parece mentira

1 de Abril de 2004. A data vai ficar na memória com certeza. O dia estava solarengo, e apesar de ter de me deslocar para o centro da cidade de Lisboa logo de manhã, não me importunou apanhar o trânsito infernal e já habitual, já que era uma viagem que aguardava há algum tempo. Na rádio ouvia o Markl a divagar acerca de uma música do José Cid (que envolvia favas e chouriços) numa emissão da rubrica Homem que mordeu o Cão que ficou para a história.

Após me libertar das filas de trânsito eis que chego ao destino e o nervoso miudinho começava a intensificar-se. Sem grande razão de resto, já que a parte mais complicada já tinha passado e até tinha corrido bem. Naquele dia, eram basicamente as formalidades habituais que tinham de ser feitas. No quinto piso estavam mais treze alminhas, prontas para despachar as burocracias. A satisfação era geral, embora uns tivessem um nível de satisfação um pouco maior, fruto da melhor classificação…e nestas coisas de concursos, quanto melhor a classificação maior a possibilidade de escolha. Eu não me pude queixar, um honroso quarto lugar deu-me a hipótese de escolher o local que sempre foi a minha primeira escolha.

Assinados os papéis e vencidas todas as burocracias estava preparado para me apresentar no meu novo local de trabalho. E após o almoço, lá fui eu apresentar-me ao serviço, pronto para trabalhar.

Parece que foi ontem, mas já passaram quatro anos desde que ingressei na função pública e se nesse 1 de Abril de 2004 achei irónico que tomasse posse no “dia das mentiras”, hoje leio esta notícia e só espero que a mesma seja mentira. É que se já não bastasse ganhar pouco (sim, há funcionários públicos mal pagos) para as funções que desempenho e para a formação que possuo, já que continuo a receber como Bacharel apesar de ter uma Licenciatura, e já agora, terem congelado as carreiras, ainda querem dar menos incentivos a trabalhadores devidamente qualificados e que podem trazer algumas mudanças reais numa função pública que ainda tem muitos funcionários com poucas qualificações para as funções que desempenham? Será esta a política certa a seguir?

4 comentários:

Paulete disse...

Ahah pertences à classe:) Lá está, quem tem formação é geralmente quem tem de abdicar primeiro. É por isso que acredito que os desempenhos têm de ser analisados, independente/de serem doutores ou não.

Há quem tenha pouca formação na teoria e seja super competente, e o contrário também. Senão fazem o seu trabalho, seja mestre ou não, rua. Se é uma mais valia, aproveitemos então o contributo de cada indivíduo!

SGL disse...

Concordo contigo Paulete. Sou a favor das avaliações (até ando a pedir que me avaliem já há uns 2 ou 3 meses...) desde que as mesmas sejam feitas tendo em conta critérios bem definidos. Se vão mudar o sistema de avaliação para depois os "compadrios" e o factor "c" continuarem a ser os principais critérios...então mais vale estarem quietos.

Mas é como dizes, por vezes a formação académica não é sinónimo de competência, no entanto quando foquei este aspecto foi também no sentido de apontar para uma "modernização" da função pública. Se formos a analisar a situação actual, temos funcionários que não acompanharam a evolução e para alguns (muitos) o simples envio de um e-mail torna-se uma tarefa complicadissíma (entre outros exemplos).

Paulete disse...

Claro, nada de adulterações só para ficarem bem na fotografia e tudo continuar podre.

Quanto às dificuldades técnicas, claro que ninguém nasce ensinado, daí a necessidade de formação e reciclagem.

O que me irrita, são os que, deparando-se com a necessidade de se actualizarem, recusam-se terminantemente. Se for um mais novo a fazê-lo é imediatamente questionado e desacreditado.

SGL disse...

São esses que se recusam a actualizarem-se a que eu me refiro...quer seja por falta de vontade ou falta de capacidades, simplesmente não saem da cepa torta!